terça-feira, 18 de novembro de 2008

Afinidade



Achei que deveria iniciar esse blog falando sobre o sentimento que o motivou e que mais vêm me tocando nos últimos tempos... Essa tal de Afinidade.


Até bem pouco tempo atrás era somente uma palavra bonita no meu vocabulário, porém de repente passou a ser fator essencial na minha vida e determinante nas minhas percepções, escolhas, aprendizados, evolução, esperanças.


Eis um sentimento que transcende nossa compreensão, transcende esse mundo material e as barreiras que ele nos impõe...

De repente a vida nos traz alguém cuja presença sempre se fez sentida inexplicavelmente... Elo de coração para coração, de alma para alma... Intimidade profunda, sublime e maravilhosa.
De braços abertos e coração inundado em alegria e afeto, a única coisa a se fazer é contemplar e absorver toda a energia e renovação que esse momento mágico nos oferece.

Só me resta então agradecer todos os dias à vida por ter-me dado oportunidade de encontrar irmãos que conhecem minh’alma profundamente, compreendem minhas emoções através de um olhar, ou som da minha voz, ou simplesmente captam minha energia, compartilham comigo desejos, sonhos, esperanças e alegram-me simplesmente por ouvir sua voz em minha mente, lembrar-me de um momento especial, por poder dedicá-los meu amor e saber que existem, mesmo que estejam distantes geograficamente...

O meu amor transcende o tempo, as barreiras, e qualquer geografia...

Posso ficar páginas e páginas tentando explicar a maravilha do meu sentimento, no entanto acredito que minhas palavras seriam poucas e esse poema já diz com perfeição exata tudo o que eu poderia querer dizer-lhes. Só poderia acrescentar...

MUITO OBRIGADA por ter entrado na minha vida...








AFINIDADE
(Arthur da Távola)

(Segue o texto, caso o vídeo não abra pra você)


A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavra. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado? Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios? Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar. Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro, quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar, não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é. E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade. Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita o outro como ele é.
Por isso, aliás, questiona. Questionamento de afins, eis a (in)fluência. Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele. Independente dele. A quilômetros de distância. Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar, por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos. Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos, veremos ou falaremos.
Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem para buscar sintomas com pessoas distantes,com amigos a quem não vemos, com amores latentes, com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente, porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior, a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente. Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós, para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.

Sensível é a afinidade. É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau, porque o que define a afinidade é a sua existência também depois. Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir restituir o clima afetivo de antes, é alguém com quem a afinidade foi temporária.

E afinidade real não é temporária. É supratemporal. Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta, ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade. A pessoa mudou, transformou-se por outros meios. A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas, plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou, sem lamentar o tempo da separação.

Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais, a expressão do outro sob a forma ampliada e refletida do eu individual aprimorado.

5 comentários:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Afim...

Adriano Pires de Campos disse...

Posso dizer que a afinidade guiou minha vida até hoje. A maioria das pessoas que conheci conversava ou conversa com minha alma, muitas vezes sem que eu precise dizer uma só palavra. Às vezes, num primeiro encontro, num primeiro olhar, numa primeira palavra, diz-se tudo que estava para ser dito, abre-se o coração como se aquela pessoa estivesse ao nosso lado desde sempre. Espero que isso continue a se repetir em minha vida e na vida do próximo, é um sentimento maravilhoso. Valeu pela postagem, Marina, sabia que esse blog tinha muito a dizer :) Estava, certo... VIU?

Marina disse...

Afim... realmente Lu...
totalmente!! :)


Vc tem sorte Dri...
Acho que o fato de sermos espontâneos e receptivos com as pessoas facilita esse processo.. Essa "conexão" entre almas... Tenho sim algumas amizades caracterizadas por afinidade profunda e atemporal, entretanto, é muito raro de encontrarmos...
Não é toda hora que encontramos alguém capaz de compreender e conversar com nossas almas.
Como vc disse, é mesmo um sentimento maravilhoso....
Digno de agradecimento todos os dias...


Quanto ao blog, sua opinião é muito partidária ;) rs Ainda bem!

Beijos para os dois..
Obrigada mais uma vez!!!

Marina disse...

haha...
Agora que vi o VIU.... :)
Vi sim.... (é só oq tenho visto ultimamente...
Viu?! ;)

Adriano Pires de Campos disse...

Marina, muito legal o novo visual do blog. Super beijos!